Por Matheus Reis — Professional Scrum Trainer (PST)
Durante um workshop em Lisboa, reunido com outros Professional Scrum Trainers, surgiu um tema que ganhou força nos últimos anos:
a ideia de que “o Agile está morto”.
Começamos a debater o que leva tanta gente a acreditar nisso.
E, quanto mais discutíamos, mais clara ficava uma verdade incômoda:
Existe mesmo um tipo de “Agile” que morreu — e ninguém vai sentir falta.
Aquele Agile burocrático, orientado por rituais mecânicos.
O Agile preocupado em “cumprir o framework” enquanto o cliente continua sofrendo.
O Agile que entrega mais do mesmo, sem mudar nada que realmente importa.
Esse Agile… não faz falta a ninguém.
🤖 O Agile que ficou para trás
Vamos ser diretos:
Se o seu Agile se sustenta em post-its, papéis e velocidade, ele não sobreviverá ao mundo atual.
A inteligência artificial expôs o engano:
Executar não é mais diferencial
Velocidade sem direção é desperdício
Backlogs enormes não significam valor
Cerimônias não criam resultados
A IA não matou a agilidade.
Apenas revelou o Agile que já estava morto.
🌱 O Agile que está mais vivo do que nunca
Se olharmos para os valores do Manifesto Ágil — indivíduos, colaboração, adaptação e valor entregue — percebemos algo muito importante:
Nunca precisamos tanto dessa mentalidade quanto agora.
Num mundo onde entregar ficou fácil,
descobrir o que vale a pena entregar virou o verdadeiro talento.
E isso exige:
Empirismo — testar, aprender e ajustar
Propósito — não fazer por fazer
Conexão com clientes — valor sentido, não declarado
Decisões baseadas em evidências
O Agile verdadeiro é a ponte entre a incerteza e o resultado.
É essa agilidade que permanece viva:
orientada a outcomes, não a output.
🧭 O que realmente deve morrer
O que precisa acabar é a agilidade que:
❌ troca propósito por processo
❌ otimiza entregas que ninguém quer
❌ transforma mudança em risco
❌ cria times desmotivados em nome do “novo modelo”
Isso não é ágil.
Nunca foi.
A única agilidade que “morreu”
foi a agilidade que ignorou pessoas e valor.
🚀 O renascimento começa pela estratégia
Se queremos que o Agile viva de verdade,
ele precisa deixar de ser apenas método
e se tornar base do modelo operacional.
Essa é a evolução natural — o próximo capítulo:
The Rise of Product Operating Models - O Crescimento dos Modelos de Operação de Produto
(tema que explorarei no próximo artigo)
É hora de organizarmos a agilidade para que ela não dependa de sorte ou força de vontade.
O Agile não está morto.
O que morreu foi a imitação barata da agilidade.
O Agile que transforma, que se adapta e que aprende rápido —
esse não só está vivo como é essencial para o futuro.
A pergunta não é se o Agile is Dead.
É se estamos prontos para viver a agilidade que realmente importa.Image![]()
Matheus Reis — Professional Scrum Trainer (PST)